A fumaça das queimadas, a poluição, o forte calor e a umidade relativa do ar muito abaixo do preconizado pela OMS trazem consequências danosas ao corpo. Sintomas da tragédia ambiental já são percebidos na saúde das pessoas.
O Brasil registrou até o fim de agosto 224 mil km² de incêndios, o equivalente ao tamanho de Roraima. O mês de agosto sozinho responde por quase metade de toda a área queimada. E os sintomas de toda essa tragédia ambiental são percebidos na saúde.
Quase 12 milhões de pessoas que vivem em São Paulo enfrentaram uma semana sufocante. A combinação de seca, queimadas e poluição fez a qualidade do ar despencar a níveis alarmantes. A maior cidade do país luta para respirar.
A fumaça das queimadas, combinada com a poluição urbana, situação que acontece Brasil afora, tem deteriorado a qualidade do ar, gerando um cenário preocupante para a saúde pública.
A exposição contínua a esses poluentes já resulta em um aumento significativo de problemas respiratórios e coloca a saúde mental da população em risco.
A má qualidade do ar, além de causar doenças respiratórias como asma e bronquite, está associada a impactos no bem-estar psíquico. Trabalhos recentes revelam que a poluição vai além dos pulmões. Um estudo publicado no Jama Network mostra que idosos expostos a altos níveis de poluição têm maior risco de desenvolver depressão após os 64 anos.
A pesquisa indica que a vulnerabilidade física, especialmente a pulmonar e neural, aumenta as chances de complicações psiquiátricas em ambientes poluídos.
Head de saúde da Vibe Saúde, Fernanda Monteiro explica como a poluição atmosférica pode desencadear ou agravar problemas de saúde mental.
“A má qualidade do ar contribui para um aumento nos níveis de estresse e pode intensificar sintomas de ansiedade e depressão, especialmente em pessoas que já são mais vulneráveis. A sensação de ar pesado e a falta de ar também causam desconforto físico, o que pode desencadear um ciclo de preocupação e piora do estado psicológico”, afirma.
A médica recomenda que, em períodos de alta poluição, as pessoas limitem atividades ao ar livre, busquem ambientes mais limpos e pratiquem atividades que promovam relaxamento, como meditação e exercícios respiratórios.
A gravidade dessa situação não pode ser subestimada. A cada dia, o ar que respiramos se torna mais tóxico, e os impactos na saúde estão se acumulando de forma silenciosa, mas devastadora. As queimadas e a poluição não afetam apenas quem já sofre com doenças respiratórias; elas estão criando um campo fértil para problemas ainda mais sérios, como arritmias, AVCs, câncer de pulmão e até o colapso mental.
Estudos recentes já confirmam: ninguém está a salvo. Mesmo quem não percebe os sintomas agora, está exposto a um risco invisível que pode desencadear complicações irreversíveis no futuro.
Não podemos mais esperar por soluções externas ou confiar que o problema será resolvido sozinho. A saúde de milhões de brasileiros está sendo comprometida, e os danos podem se agravar a qualquer momento.
“Se a gente não prevenir essas questões hoje, a gente corre risco de ter um aumento dos tipos câncer relacionados ao sistema respiratório em um futuro próximo”, diz Ubirani Otero.(chefe da Área Técnica Ambiente, Trabalho e Câncer do INCA)
Você precisa tomar uma atitude agora, antes que os efeitos dessa tragédia ambiental atinjam você e sua família de forma irreversível. Felizmente, existem formas eficazes de se proteger dos danos causados pela poluição e pela fumaça, e é possível começar a agir hoje mesmo.